Crise derruba Palocci. Nova ministra assume hoje
Dilma convida a senadora Gleisi Hoffmann para assumir a Casa Civil
Gleisi Hoffmann (PT-PR) é casada com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo
A presidenta Dilma Rousseff convidou a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) para ocupar a Casa Civil, no lugar de Antonio Palocci. A informação foi confirmada em nota divulgada no início da noite desta terça-feira (7/6). Dilma também lamentou a saída do ministro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.
Crise derruba Palocci. Nova ministra assume hoje
Gleisi Hoffmann substitui Antonio Palocci
A senadora paranaense, mulher do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, será a nova ministra da Casa Civil
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) será a nova ministra da Casa Civil. Ela assume no lugar de Antonio Palocci, que pediu demissão na tarde de hoje (8), enfraquecido pelas denúncias de que enriqueceu muito rapidamente no período em que era deputado federal e coordenador da campanha de Dilma Rousseff à Presidência. Ex-diretora da Itaipu Binacional, Gleisi é mulher do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que chegou a ser cotado para a Casa Civil no ano passado, na montagem do novo governo.
A entrada de Gleisi pode provocar outras mudanças no Ministério de Dilma. Senadora de primeiro mandato, Gleisi é considerada por alguns como muito verde para assumir uma função de coordenadora da articulação política do governo, como era função de Palocci. Assim, pensa-se na substituição também do ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio. Ele pode vir a ser trocado por alguém com mais força para exercer a articulação política.
A substituição de Luiz Sérgio, porém, não deve acontecer já. Fala-se também na possibilidade de saída de Paulo Bernardo do Ministério das Comunicações. Há quem julgue que a presença de um casal no primeiro escalão do governo poderia ser fonte de intrigas.
A escolha de Gleisi Hoffmann foi confirmada oficialmente em nota do Palácio do Planalto, publicada há pouco. Na nota, Dilma diz ainda "lamentar" a saída de Palocci.
"Nota Oficial
A presidenta da República, Dilma Rousseff, recebeu na tarde de hoje carta em que o ministro Antonio Palocci solicita demissão da chefia da Casa Civil. A presidenta aceitou e lamenta a perda de tão importante colaborador.
A presidenta destacou a valiosa participação de Antonio Palocci em seu governo e agradece os inestimáveis serviços que prestou ao governo e ao país.
Também hoje, a presidenta convidou a senadora Gleisi Hoffmann para ocupar a chefia da Casa Civil da Presidência da República".
Fonte: Rudolfo Lago – Congresso em Foco
Nova ministra da Casa Civil é especialista em orçamento e gestão pública
A nova ministra da Casa Civil começou a ganhar projeção no partido na transição do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela é formada em direito e tem amplo conhecimento em questões de orçamento. Já atuou por duas vezes em setores do Poder Executivo, como secretária extraordinária de Reestruturação Administrativa no primeiro mandato de Zeca do PT à frente do governo de Mato Grosso do Sul, em 1999, e como secretária de Gestão Pública da Prefeitura de Londrina, em 2001.
No Senado, a postura de Gleisi logo começou a incomodar colegas da bancada do PT. A senadora assumiu a linha de frente. Considerada um “trator” por alguns colegas, criou situações de indisposição na bancada. Gleisi fez críticas a Palocci, quando esteve com Lula. Ontem, participou da reunião da bancada petista que decidiu por não divulgar uma nota de apoio ao ex-ministro, apesar da tentativa da senadora Marta Suplicy (SP) de redigir e divulgar o documento.
O dia de Gleisi no Senado, antes de ser anunciada ministra, incluiu a participação numa reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde é titular. A senadora foi relatora de um projeto de empréstimo de 86 milhões de euros (cerca de R$ 198 milhões) para a modernização de caças da Força Aérea Brasileira (FAB). O debate na CAE foi intenso e, de lá, Gleisi seguiu para o plenário. Não discursou, passou rapidamente pelo local e logo foi convocada pelo Planalto.
Disciplina
Além da CAE, Gleisi é titular das Comissões de Agricultura, Relações Exteriores, Orçamento e da Subcomissão de Fronteiras. Ocupa a suplência da Comissão de Educação e da CPI do Tráfico de Pessoas. Na liderança do PT, coordena o núcleo de economia — é a primeira vice-líder do partido no Senado.
Quem trabalha com a senadora na Casa a descreve como “disciplinada” e “competente”. Gleisi costuma chegar ao Senado por volta das 8h30, quando lê os projetos. Depois, passa pelas comissões e segue para o plenário. O almoço é feito no próprio Senado — ela é vegetariana. Três projetos de sua autoria foram aprovados pela Casa e remetidos à Câmara. São propostas de melhoria das condições de aposentadoria das donas de casa, aperfeiçoamento da Lei Maria da Penha e aplicação do Fundo de Defesa Civil.
Aos 45 anos, Gleisi deixa o gabinete que já foi da ex-senadora petista Ideli Salvatti — hoje ministra da Pesca – para assumir a Casa Civil. O desafio da paranaense é dissociar sua atuação no Executivo do poder de influência do marido. A interpretação no governo é que o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, terá mais espaço para atuar na articulação política. Graças, agora, à força da mulher e à inexperiência de Gleisi na relação com as articulações em âmbito federal.
Estado fortalecido
O primeiro escalão da presidente Dilma Rousseff tem agora um casal de ministros: Paulo Bernardo, nas Comunicações, e Gleisi Hoffmann, na Casa Civil. Os dois são casados há 15 anos e têm dois filhos: uma menina de nove anos e um menino de seis. Militantes de esquerda, são lideranças expressivas do PT do Paraná. O ministro, em meio à crise envolvendo o enriquecimento de Antonio Palocci, foi cotado para a Casa Civil. Também foi cogitado para ocupar o Ministério do Planejamento, caso a atual ministra, Miriam Belchior, fosse para a Casa Civil, como chegou a ser cogitado.
Grace virou Gleisi
O nome de Gleisi Hoffmann foi escolhido pela mãe. O objetivo era homenagear a atriz norte-americana e princesa de Mônaco Grace Kelly. Na hora do registro do nome, o pai de Gleisi se confundiu com a pronúncia. Em vez de “Greice”, ficou Gleisi.
SUPLENTE DO PMDB
O primeiro suplente da senadora Gleisi Hoffmann, que deve assumir sua vaga no Senado, é o advogado Sérgio de Souza, do PMDB. Sérgio trabalhou como assessor do ex-governador Orlando Pessuti, também do PMDB, e ganhou a primeira suplência por indicação do ex-governador. O futuro senador já manifestou a intenção de assumir o cargo. Ele tem um escritório de advocacia em Curitiba. Às 14h30 de hoje, Gleisi fará o último pronunciamento no plenário do Senado antes de assumir a Casa Civil. A posse está prevista para as 16 horas.
Fonte: Vinicius Sassine – Correio Braziliense
Indicação de Gleisi irrita peemedebistas
O PMDB recebeu mal a indicação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) para substituir Antonio Palocci no comando da Casa Civil. O que irritou peemedebistas que se mantiveram firmes na defesa de Palocci foi o fato de o cargo ter sido entregue exatamente à petista que "pediu a cabeça do ministro".
Dirigentes peemedebistas consideraram "surrealista" que uma petista que esteve na linha de frente do "fogo amigo" contra Palocci ocupe o lugar dele. Maior partido da base aliada e "sócio do governo" na condição de inquilino da Vice-Presidência da República, o PMDB não participou e nem sequer acompanhou as articulações em torno da troca de comando na Casa Civil.
O vice-presidente Michel Temer só foi chamado ao Palácio do Planalto por volta das 17 horas de hoje, quando já estava tudo decidido. Foi comunicado pela presidente Dilma Rousseff de que Gleisi fora a escolhida. Além do comunicado ao vice, a única sinalização enviada ao PMDB foi a de que, ao menos por enquanto, não deverá haver "mexida" na articulação política do governo, além da troca de ministro.
Nem tudo é negativo para o PMDB na crise Palocci. A cúpula do partido avalia que, independentemente do desfecho, o episódio "zerou o jogo" porque mostrou a importância do partido na estabilidade política do governo.
Afinal, a saída do ministro se deu na iminência de o Senado reunir as 27 assinaturas de senadores necessárias à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o crescimento do patrimônio do ministro e a suspeita de tráfico de influência. Neste ponto, eles concordam com a comparação da nova ministra, que remeteu o momento atual à crise do mensalão, que pôs em risco a governabilidade.
Os peemedebistas não foram os únicos a ver o "lado bom da crise". Não por acaso, um senador do PTB comentava hoje que a crise foi "a melhor coisa que aconteceu", para justificar: "Agora a gente (da base governista) vale alguma coisa porque, até aqui, não estávamos valendo nada".
Fonte: Agência Brasil
Brasília, 08 de junho de 2011.