As mulheres que brilham no 8 de março
São as que lutam contra o sistema capitalista e todas as suas formas de opressão e manutenção de sua concepção perversa e patriarcal: machismo, violência sexista, e variadas formas que tentam manter a mulher submissa.
Brilham as mulheres que lutam contra as políticas que retiram direitos constitucionais como educação, saúde, moradia, segurança, previdência social, em nome do grande capital.
Brilham as mulheres que lutam pela sociedade socialista, a sociedade que garantirá a voz e o direito das mulheres em todos os espaços político-sociais, superando definitivamente a opressão de gênero e de classe.
Brilham as mulheres que lutam cotidianamente contra todas as formas de discriminação.
Brilham as mulheres que não se calam e denunciam: o aumento da violência contra as mulheres em nosso país, os assassinatos das mulheres que, na maioria dos casos são praticados pelos próprios companheiros; os estupros e o tráfico sexual de meninas e mulheres, a lesbofobia.
Brilham as mulheres que exigem o aumento no investimento de políticas públicas para as mulheres assim como a aplicabilidade imediata das punições contidas na Lei Maria da Penha e seus mecanismos de proteção às mulheres.
Brilham as mulheres negras, indígenas que resistiram a toda sorte de discriminação e política de extermínio.
Brilham as mulheres das comunidades que lutam por moradia e garantia de vida digna para suas famílias, apesar do descaso e violência dos governos, a exemplo do que aconteceu em Pinheirinho, bem como o que está acontecendo no Quilombo de Rio dos Macacos no município de Simões Filho/BA, situação gravíssima que o Estado Brasileiro tem submetido quem lá reside através da Marinha do Brasil, demonstração inequívoca de racismo institucional, com o apoio do governo local.
Brilham as mulheres indígenas do Xingu que lutam contra a hidrelétrica de Belo Monte e todas as mulheres do mundo que lutam pela vida dos povos da floresta e de nossos rios.
Brilham as mulheres que não se submetem às ações de remoção em nome dos megaeventos, mas que na verdade implementam uma faxina étnica e de classe, auxiliado pelo aparato policial/governamental.
Brilham as mulheres que atuam nos sindicatos e que, mesmo em maioria, lutam contra o preconceito ainda marcante até mesmo entre militantes considerados de esquerda, que teimam em negar o direito aos cargos considerados estratégicos nas entidades de classe.
Brilham todas as mulheres através do tempo que representam hoje parte da história de liberdade simbolizada pelas mulheres socialistas desde 1910.
Brilham as mulheres que, apaixonadas pelo samba, aprendem seus mais variados instrumentos que expressam a cadência desse ritmo que corre em nossas veias ainda abertas pelo enorme preconceito contra as mulheres e se somam a quem não vai deixar o samba morrer, não vai deixar o samba acabar… Porque o samba foi feito pra gente sambar.
*Este artigo foi escrito por Gesa Corrêa
Bloco O Samba Brilha/RJ- no 8 de março
Belo Horizonte-MG, 08 de março de 2012