Médicos Peritos do Seguro Social
Luciano Pires – Correio Braziliense
Uma queda de braço travada entre médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e a direção do órgão vem sendo apontada como a principal responsável pelo aumento das filas nas agências e a demora na realização de exames em algumas regiões do país. Os profissionais reclamam da falta de estrutura para o atendimento dos segurados e do excesso de trabalho. Em resposta, a categoria iniciou há uma semana um movimento pela “excelência do ato médico” no qual as consultas duram, no mínimo, 30 minutos e a jornada diária não passa das seis horas.
A crise entre os servidores e o INSS se arrasta desde 2005, apesar da substituição dos peritos terceirizados por profissionais concursados, da recomposição dos salários e dos investimentos em infraestrutura. “O INSS não se preparou em momento algum para receber os novos servidores. Em Brasília tinha até pouco tempo parede de vidro para o atendimento de segurados”, diz Luiz Carlos Argolo, presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP).
A entidade rechaça o termo “operação padrão” e ressalta que o ritmo de atendimento visa a melhoria do serviço. “Fomos responsabilizados a vida toda por perícias mal fundamentadas”, completa Argolo. “O problema da fila é a falta de gestão, é a falta de peritos, é o êxodo de profissionais que, por não terem segurança, estão deixando a Previdência”, reforça o representante da ANMP. Em todo o país, os médicos peritos ativos são cerca de 4,8 mil. Os peritos executam em torno de 18 atendimentos por dia, mas reivindicam uma redução para 12.
Valdir Simão, presidente do INSS, disse ao Correio que a maior parte das reclamações não se sustenta. Para ele, o movimento que retarda o atendimento e provoca filas é uma “operação padrão” não declarada. Segundo ele, ainda que residual, o fenômeno tem causado transtornos aos usuários. “Há situações em que o perito acaba não cumprindo toda a agenda do dia. Todos os casos estão sendo documentados e o servidor está sendo notificado. Isso pode até acarretar em um processo administrativo se as justificativas não forem satisfatórias”, resume Simão.
“Há situações em que o perito acaba não cumprindo toda a agenda do dia. Todos os casos estão sendo documentados e o servidor está sendo notificado”.
Valdir Simão, presidente do INSS