Saúde e condições de trabalho mobilizam debates no IX Consintsprev
No sábado (26) pela manhã, a questão das condições de trabalho e de saúde do servidor foi o tema da segunda mesa, mobilizando e chamando a atenção dos participantes do IX Congresso do Sintsprev/MG.
A mesa foi coordenada pelas diretoras do Sindicato Sandra Maria Rafacho e Maria Cristina Teodoro. Para tratar do assunto, participaram como convidados o pedagogo e guarda de endemia da antiga Sucam, Lincoln Ramos e Silva, do Paraná, e a médica do Trabalho Andréa Maria Silveira.
Lutas e avanços
Embora pareça repetição simples, as apresentações que ela realiza em todos os congressos, muitos foram os avanços conquistados, em virtude da luta e do empenho. Por exemplo, muitos locais de trabalho foram recuperados e adaptados.
A despeito desse esforço do sindicato, ainda há muito por fazer. Falta mobiliário, impressoras e condições adequadas de trabalho. Não é um problema de Minas Gerais, mas de todo o país.
Em geral, as estações de trabalho são pequenas e mal acomodam uma pessoa. Exibe dezenas de fotos, com cadeiras quebradas, bancos rasgados, arquivos com puxadores de gavetas improvisados, enquanto o governo se vangloria de sermos a oitava economia mundial e das obras faraônicas para a Copa 2014, por exemplo.
Segundo entendimento dela, o principal problema de saúde enfrentado atualmente é a sobrecarga de trabalho, com evidentes prejuízos para os trabalhadores e também para o público que precisa ser atendido nesses locais.
Há também número insuficiente de trabalhadores, motivado pela falta de concursos, enquanto o governo muito divulga o aumento de ofertas de serviços. Assim, a idade média de idade dos servidores está muito elevada. Ainda outra questão é a falta de política de saúde para o servidor público. Desde quando criadas, as principais normas de segurança destinam-se quase que exclusivamente aos trabalhadores da iniciativa privada.
Como exemplo, ela lembra que nesta semana a UFMG abriu concurso público, mas em virtude dos baixos salários oferecidos, muitos candidatos inscritos já estão desistindo.
Outro indicador é o grande número de servidores na ativa que já têm tempo acumulado para se aposentarem. Em alguns locais, esse percentual chega a 50% do total.
A médica do trabalho também destacou para o aumento do alcoolismo entre os servidores. Uma das prováveis causas desse problema é, evidentemente, as precárias condições de trabalho e alto estresse a que são submetidos os servidores.
Quanto às perícias médicas, trata-se de serviço que exige alta especialização, muitas vezes não encontradas entre os profissionais responsáveis pelos exames. Da mesma forma, é realidade a pressão que muitos médicos peritos sofrem para não conceder licenças, ou concedê-las em períodos reduzidos.
Dra. Andréa mostrou diversas tabelas comprovando o aumento expressivo do número de servidores que se afastaram por problemas de saúde nos últimos anos. Situação verificada em praticamente todo o país. Entre as três maiores causas de afastamento estão os transtornos mentais. Dados oficiais que servidores públicos se afastam mais por essa causa do que os trabalhadores da iniciativa privada.
A médica destacou também a realidade de muitos trabalhadores que desejam e, em alguns casos, necessitam de continuar trabalhando até os 70 anos de idade. Ela pediu entendimento e respeito dos colegas de trabalho a essa situação, evitando a pressão sobre aqueles que têm já tempo para se aposentarem. Se estes não se afastam, há diversas causas a serem consideradas.
Para concluir, ela destacou a importância dos trabalhadores se indignarem e não aceitarem como normais situações de estresse e de condições desfavoráveis de trabalho.
Para o debate, se inscreveram dezenas de trabalhadores, demonstrando o interesse pelo assunto. Entre as questões apresentadas, foi denunciado que servidores no Estado estão sendo obrigados a manipular e sujeitar-se a condições insalubres e nem recebem o adicional correspondente. O Sindicato irá acompanhar a situação, inclusive por meio de seu Departamento Jurídico.