Padilha teria indicado ex-assessor da Saúde para trabalhar com doleiro
Antes de indicar Marcus Cezar Ferreira de Moura para trabalhar no laboratório de Alberto Youssef, o petista teria recomendado o ex-assessor a uma entidade que administra planos de previdência. Ex-dirigentes da Geap contam que ele se vangloriava da proximidade com o ex-ministro
A oposição quer separar a CPI da Petrobras de parte da Operação Lava-Jato para centrar a artilharia contra Padilha na Câmara dos Deputados
A oposição no Congresso decidiu como estratégia apurar a relação entre o pré-candidato ao governo de São Paulo Alexandre Padilha (PT) e o doleiro Alberto Youssef no âmbito da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara. A ideia é aprovar um requerimento de convocação, o que obriga o comparecimento do petista. A PF suspeita que Padilha indicou o ex-assessor do Ministério da Saúde Marcus Cezar Ferreira de Moura para trabalhar na Labogen, laboratório de fachada do doleiro. Agora, dois ex-dirigentes da Geap, fundação privada que administra planos de saúde e de previdência, ouvidos reservadamente pelo Correio, atestam que Moura se vangloriava, nos corredores da entidade, de também ter sido indicado pelo ex-ministro da Saúde — ele atuou na instituição logo após deixar a pasta e antes de ser contratado pela Labogen.
A principal trilha é descobrir como Moura virou o principal executivo do laboratório do doleiro. Os oposicionistas acreditam que, se ficasse provado que a ida dele para a Geap também teve o dedo de Padilha, o ex-ministro teria mais dificuldade de negar a relação com o doleiro Alberto Youssef. “O assunto Padilha tem conexão direta com Youssef. Faz parte de uma mesma trama. Claro que essa declaração dos ex-diretores merece investigação”, defende o senador Agripino Maia (DEM-RN), líder da legenda no Senado. Os oposicionistas avaliam que levar Padilha a uma CPI da Petrobras poderia abrir margem para o governo alegar novamente que há desvio de foco. “Perderíamos o nosso argumento de uma CPI exclusiva. O caso Padilha deve ser tratado com o devido rigor na Câmara, no âmbito das comissões”, completou Agripino.
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O senador Alvaro Dias, do PSDB-PR, também teve o mesmo posicionamento. “O Senado está focado na CPI da Petrobras. O fato de Padilha não comparecer (na Câmara para se explicar) já implica em conclusões contrárias aos interesses dele. Ele tem o dever de se explicar. Ainda não conversei com o partido, mas acho que cabe mais à Câmara”, salientou.
Fonte: Correio Braziliense
Publicação: 29/04/2014