Polícia Federal faz operação contra fraude milionária no INSS em SP
Folha de S. Paulo – 27/04/2010
A Polícia Federal desencadeou nesta terça-feira uma operação para desmontar um esquema fraudulento na concessão de benefícios previdenciários na Grande São Paulo. Em uma amostragem de apenas 45 dias, constatou-se que um servidor corrupto autorizou cerca de 300 auxílios-doença, causando um prejuízo aos cofres públicos que supera R$ 9 milhões.
A investigação aponta que a quadrilha estava atuando há pelo menos um ano. Por cada benefício fraudulento, cobrava cerca de R$ 4.500, dos quais R$ 3.000 eram destinados ao servidor da Previdência Social.
A operação Evidência — o nome é uma alusão à grande quantidade de vestígios deixados—é resultado da Força-Tarefa Previdenciária no Estado de São Paulo, composta pela Polícia Federal, Ministério da Previdência Social e Ministério Público Federal.
Com o esquema, o servidor acumulou um patrimônio desproporcional aos rendimentos de técnico do Seguro Social, que tem salário mensal bruto de R$ 3.500. Em junho do ano passado, ele começou a aplicar o dinheiro numa empresa de colheita e transporte de cana de açúcar no interior de São Paulo, tendo como "laranja" sua secretária, que aparece como sócia majoritária.
Atualmente, o servidor possui em seu nome, em nome de sua empresa e em nome de sua mulher diversos caminhões, reboques, colheitadeiras, tratores, motos, uma F 250 – modelo 2010, diversos veículos, imóveis, apartamentos, terrenos e até um Jet-sky.
Participam da operação 104 policiais federais e dois servidores do Previdência Social, para cumprir 13 mandados de prisão preventiva e 23 mandados de busca e apreensão nos municípios de São Paulo, Guarulhos, Planalto, Mogi das Cruzes e Bertioga. Também serão cumpridas ordens de bloqueio de contas bancárias, seqüestro de veículos utilizados pelo grupo criminoso e suspensão de benefícios previdenciários fraudulentos.
Os intermediadores tinham uma rede de contatos pela qual trocavam dados de "clientes" interessados na obtenção fraudulenta de benefícios, já que não conseguiam obtê-los pelas vias normais por não preencherem os requisitos estabelecidos em lei.
Os números de identificação do trabalhador e os números de benefícios previdenciários trocados via mensagem de celular desembocavam no telefone de um servidor da agência da Previdência Social de Guarulhos. Esse funcionário utilizava as senhas de médicos peritos daquela unidade para conceder ou prorrogar os auxílios-doença para os "clientes" da quadrilha.