Nova ministra da Casa Civil também deu consultoria empresarial
A GF foi aberta no dia 1.º de junho de 2007, segundo dados da Junta Comercial do Paraná. A nova ministra da Casa Civil ficou com 90% das cotas da sociedade e como "administradora" dos negócios da empresa perante órgãos públicos, instituições financeiras e entidades privadas.
Segundo os registros da Junta Comercial, a GF foi criada para atuar no ramo de "assessoria, consultoria, orientação e assistência operacional para a gestão do negócio e apresentação de palestras prestados a empresas e a outras organizações".
A empresa foi aberta um ano depois de Gleisi deixar a diretoria financeira de Itaipu Binacional, período em que se aproximou de Dilma Rousseff, então ministra de Minas e Energia. Na direção de Itaipu, comandou um orçamento anual de US$ 3 bilhões. Partiu da equipe dela a criação do sistema de gestão integrada com o Paraguai. Ela deixou o cargo para disputar, sem sucesso, o Senado em 2006.
Prestação de contas. Apesar da existência da consultoria entre 2007 e 2009, a empresa não aparece na declaração de bens de Gleisi enviada à Justiça Eleitoral em 2008, quando ela foi candidata à prefeitura de Curitiba.
Procurada pelo Estado, a ministra informou, por meio de sua assessoria, que abriu empresa para prestar assessoria em gestão empresarial. Alegou que não a declarou à Justiça Eleitoral em 2008 porque seus rendimentos começaram apenas a partir daquele ano.
A assessoria argumenta que a declaração entregue à Justiça Eleitoral em 2008 buscou repetir a declaração do IR referente ao exercício de 2007, quando a empresa não teria recebido recursos. Informou ainda dois clientes que teriam contratado os serviços de Gleisi: Fusão Assessoria Empresarial e Combraseg Logística e Serviços.
De acordo com dados da Junta Comercial, uma alteração de endereço ocorreu em 2009 na GF Consultoria e no dia 10 de dezembro daquele ano a empresa encerrou suas atividades, segundo registro firmado em cartório em 3 de março de 2010. O distrato informa que a ministra ficou responsável pela "conservação do livro e demais documentos da sociedade".
Gleisi foi candidata à prefeitura de Curitiba em 2008 pelo PT – ficou em segundo lugar com 18% dos votos. Na época, informou ter um patrimônio de R$ 623 mil, incluindo dois imóveis, um veículo e dinheiro aplicado em banco.
Em 2010, quando disputou e conseguiu uma vaga no Senado, o valor dos bens de Gleisi subiu para R$ 693 mil, mas com apenas um imóvel.
O antecessor de Gleisi na chefia da Casa Civil, Antonio Palocci, pediu demissão após a revelação de que aumentou em 20 vezes seu patrimônio com uma empresa de consultoria, a Projeto. Pressionado, o ex-ministro negou-se a revelar a lista de seus clientes. Pelo menos 20 empresas contrataram os serviços de Palocci, que, somente no ano passado, faturou R$ 20 milhões, sendo metade entre novembro e dezembro, após a eleição de Dilma à Presidência da República.
O Estado revelou no mês passado que pelo menos cinco ministros têm empresas de consultoria que continuam ativas em pleno exercício do cargo: Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Comércio e Indústria), José Eduardo Martins Cardozo (Justiça), Moreira Franco (Assuntos Estratégicos), Leônidas Cristino (Portos) e Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional). Todos negaram conflito de interesse com a função pública.
Fonte: Leandro Colon e Evandro Fadel – O Estado de S. Paulo