quarta-feira, 24/04/13

Clipping – Sintsprev/MG – 24/03/2013

 

clipping13Principais colunas dos jornais brasileiros

Do blog: A Varanda

 

ANCELMO GOIS

O GLOBO – 24/04

 

Pensão do Estado – A Quarta Turma do STJ começou a julgar ontem um recurso de Cláudia Candal Médici, neta do general Emílio Garrastazu Médici, que governou o Brasil entre 1969 e 1974, em plena ditadura militar. Ela quer ter direito à herança do avô na qualidade de, veja só, filha.

 

É que, em 1984, numa manobra para ela ter direito à pensão do Estado, Médici e a esposa Scylla, adotaram a neta na condição de filha adotiva.

 

Segue… – O primeiro voto, do ministro relator Raul Araujo, foi a favor da neta-filha.

 

Mas o julgamento foi suspenso por pedido de vista.

 

Fla-Flu diferente –Virou hábito dizer que o Maracanã é a casa do Flamengo.

Mas a nova diretoria do clube, na negociação com a empresa que irá administrar o estádio, vai endurecer o jogo e negociar em separado e independente do Flu.

Como o rubro-negro tem mais torcida do que o tricolor, quer embolsar mais.

 

Diretoria bolivariana –Dilma acaba de criar uma nova diretoria no BNDES.

Ficará encarregada de assuntos referentes à América Latina e África.

 

Lei Seca –Acredite. Sábado passado, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, um sujeito foi fazer prova prática de direção do Detran… bêbado.

A turma do Detran, então, o impediu de participar do exame e ele, brabo que só, ainda quis briga.

Acabou detido e levado para a 35ª DP (Campo Grande).

 

Chacrete na novela –Rita Cadillac, a ex-chacrete, emprestou o corpão que lhe deu fama nos anos 1970 para compor a história de Márcia, personagem de Elizabeth Savalla na próxima novela das nove, “Amor à vida”, de Walcyr Carrasco.

No altar que Márcia mantém em casa, com fotos do passado, o rosto é de Elizabeth, mas o corpo é de Rita.

 

Viva Caymmi! – O lançamento do livro “O que é que a baiana tem — Dorival Caymmi na era do rádio”, de Stella Caymmi, neta do magistral compositor, vai transformar a Travessa do Leblon, no Rio, num cantinho da Bahia.

 

Baianas a caráter vão servir cocadas e distribuir santinhos de Dorival e fitinhas do Bonfim. Stella, o tio Danilo, Sérgio Cabral, pai, e Tárik de Souza vão contar histórias do compositor. Será no dia 30, quando Dorival faria 99 anos.

 

Baú do Tom –O gaitista José Staneck, pesquisando os arquivos de Tom Jobim, encontrou uma obra inacabada do mestre. “Concertinho romântico para gaita e orquestra” tem apenas duas curtas melodias.

Foi desenvolvida e será gravada pelo compositor e arranjador Aluisio Didier.

 

Delegata –Sabe qual é a nova febre no comércio de Madureira? É o cinto duplo da “delegata”

Helô, personagem de Giovana Antonelli em “Salve Jorge”. O par é vendido por R$10.

 

Belle Époque –“Bilac vê estrelas”, romance de Ruy Castro, passado na Belle Époque do Rio, está sendo transformado em musical por Heloisa Seixas e Julia Romeu.

Com música e letra de Marcos Valle e Nei Lopes.Vai estrear em 2014.

 

Rio voluntário –O treinamento dos voluntários do governo federal para a Copa das Confederações da Fifa começa sábado no Rio e nas demais cinco cidades-sede.

 

Os selecionados auxiliarão os visitantes em áreas de fluxo, como aeroportos e arredores dos estádios, além da atuação nos principais pontos turísticos das cidades.

No Rio, 2.900 candidatos estão aptos a participar do treinamento.

 

Quando vim de Minas –A história de Xangô da Mangueira, o sambista, vai ganhar o palco. Clóvis Corrêa, Darlan de Andrade e a viúva, Sônia Ferreira, estão escrevendo um musical sobre ele.

 

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MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA – 24/04

 

Dia do Vizinho – As redes sociais são mesmo sociais? Temos testemunhado uma eletrizante troca de informações entre smartphones, mas socializar, pra valer, exige mais dedicação do que uma simples teclada. É por isso que um movimento está sendo articulado na Inglaterra por um grupo de simpatizantes do olho no olho. Eles estão tentando implementar por lá o Neighborday, ou o Dia do Vizinho. A data proposta é agora, dia 27 de abril.

 

No prédio em que eu morava anteriormente, tive três vizinhas de quem fiquei amiga: a Dedé, com quem ainda cruzo pelas ruas, a Heloisa, que hoje vive na Suécia, e a Bebel, que durante anos ilustrou minha página no ZH Donna. No prédio em que moro atualmente, há aqueles com quem tenho alguma afinidade, uma história já compartilhada, mas não sei o nome de todos e já passei alguns vexames por causa disso. Minha interação, se é que se pode chamar assim, acontece basicamente no elevador e na garagem: nunca fiz visitas, nem os convidei a virem ao meu apartamento.

 

Não sei se entre eles há o costume de confraternizarem, de darem uma esticadinha juntos após a reunião de condomínio. Se sim, é louvável, mas não estou reivindicando inclusão. Me sentiria parte de um sindicato, de uma agremiação, de uma confraria, e vim ao mundo sem esse perfil comunitário. Não chega a ser um defeito de caráter, espero.

 

Deve ser consequência desses tempos individualistas e apressados dos adultos. Quando criança, era diferente. Morava num pequeno edifício, numa rua tranquila, e conhecia toda a garotada, de esquina a esquina. Vivíamos soltos, brincávamos com argila, andávamos de bicicleta, frequentávamos a casa uns dos outros. Flavia, Miguel, Vera Lucia, Suzana, Artur, Roberta, Ovelha. Lembro de todos, a Flavia e o Miguel ainda vejo. Aquilo não era política de boa vizinhança, e sim um encontro espontâneo. Não se exigiam afinidades, boas maneiras, interesses comuns. Bastava uma Monareta e já ter feito a lição de casa para entrar para a gangue.

 

Crescemos, e as cidades também. Ao menos nos grandes centros, os vizinhos já não deixam a porta destrancada, não há mais o ritual de colocar as cadeiras na calçada para tomar um chimarrão, e se pedirmos uma xícara de açúcar, um ovo, um fio de azeite, é capaz de soar como invasão de privacidade. Uma pena.

 

Espero que ao menos esse hábito ainda esteja preservado, pois acho a parte mais bonita de se compartilhar o mesmo endereço: a troca, o pedir e o emprestar, o S.O.S. afetivo – quem já não ficou desprevenido e pediu para o vizinho um toco de vela ou licença para dar um telefonema? Nossa, deixe eu tirar o pó dos meus ombros. Sou do tempo em que se dava um telefonema na casa dos outros quando a nossa linha era cortada.

 

Próximo sábado, então, será o primeiro dia do vizinho. Não sei se a proposta dos ingleses, que almejam estimular o mundo todo, vai pegar, mas encaro como uma simpática reivindicação por mais cordialidade real – não real no sentido monárquico do termo, mas real como a vida tem que ser, como a vida é, ou como já foi um dia.

 

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 ZUENIR VENTURA

O GLOBO – 24/04

 

País do faz de conta – O Brasil é mais impressionista do que um quadro de Monet. Está sempre dando a impressão de uma coisa, quando é outra. Como escreveu Merval Pereira ontem, citando o ministro Joaquim Barbosa, é o nosso jeito de “não fazer as coisas fingindo que está fazendo”. É o país do faz de conta. Em certas áreas então, como na Justiça, a realidade é uma ilusão de ótica mais que enganadora. O nosso Código Penal, por exemplo, não permite que o “cumprimento das penas privativas de liberdade” seja superior a 30 anos, mas isso não impede que as pessoas sejam condenadas a 50, 100 anos de prisão e até mais.

 

O resultado na prática é que, além da clássica forma de impunidade, existe outra, essa original: condena-se com rigor excessivo, mas se pune com tolerância máxima, quando se pune. O nosso mais famoso bandido, Fernandinho Beira-Mar, foi condenado recentemente a 80 anos, e suas penas somadas chegam a 200 anos de reclusão. Mas ele vai cumprir quanto do que deve? Com certeza, nem 10%, considerando-se os benefícios que em geral são concedidos.

 

O caso mais recente é o do júri do Massacre de Carandiru: dos 26 policiais julgados, 23 receberam sentenças de 156 anos de prisão pela morte de 13 dos 111 detentos daquela penitenciária de triste memória. A pena impressionou os jornais estrangeiros. Que país rigoroso! Até a Anistia Internacional celebrou o resultado, recebendo-o como um sinal de que no Brasil a “Justiça não irá admitir abusos cometidos pela Estado contra a População carcerária”.

 

Claro que a condenação foi um dado positivo, inclusive porque contraria o pensamento bárbaro de parte da população, para quem “bandido bom é bandido morto”. Mas não se pode esquecer que depois de aguardarem o julgamento em liberdade por 20 anos, esses 23 réus ainda vão permanecer livres por muito tempo. Há quem acredite que nem presos eles serão, pois haverá apelações e recursos a instâncias superiores. “Só para chegar ao Supremo”, calcula o diretor da ONG Conectas, Marcos Puchs, “esse caso levará dez anos”. Sem falar que a demora pode levar à prescrição dos crimes. Moral da história: em certos casos, a presunção de inocência funciona em favor da impunidade até quando as provas já condenaram.

 

O governo já fez passar na Câmara, faltando o Senado, um projeto que seria para evitar a proliferação de partidos. De fato os temos demais – de aluguel, de venda, de fachada. Mas, fazendo de conta que é para moralizar a política, tudo indica que o expediente tem um alvo certo: Marina Silva. Sua pré-candidatura, segundo as pesquisas, é a que mais ameaça a de Dilma.

 

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JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP – 24/04

 

Socuerro! Dr. Rey com Feliciano!

 

E o presidente do Paraguai que está sendo investigado por contrabando? Paraguaio legítimo!

 

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

 

Socuerro! Me mate um bode! Allan Kardec, me tira daqui! “Dr. Rey filia-se ao partido de Feliciano.” A chapa das chapinhas! Um usa chapinha e o outro usa colete sem manga do Village People.

 

E como disse a tuiteira Vania Araujo: “Agora, além de chapinha e sobrancelha feita, Feliciano vai usar aquela bermuda modeladora do Dr. Rey”. Rarará!

 

PSC devia ser o Partido das Subcelebridades. Partido Social das Chapinhas! O Feliciano quer plástica de graça!

 

Eles deviam se casar e passar a lua de mel no Ilha do Diabo que os carregue. Rarará!

 

E adorei a charge do Duke revelando como se faz um novo partido político: “Eu peguei peças velhas e usadas de outros modelos e montei esse carro novinho, sacou?”.

 

Saquei, você pega as portas de um Chevette 71, as rodas dum Corcel 84, o motor dum Monza e funda um novíssimo partido político.

 

Você pega a cara do Serra, a barriga do Roberto Freire e aquela animação de dengue da Marina Silva. E tá pronto um novelho partido político.

 

O Brasil tem pouquíssimos partidos políticos, tava precisando de mais dois mesmo!

 

Agora temos dois partidos novos. A Rede da Marina Silva. Rede porque ora balança pro governo, ora balança pra oposição. Nhenc, nhenc, nhenc. Barulho de rede com o gancho enferrujado.

 

E o PPS se juntou com o PMN e criaram o MD. Os Maníaco-Depressivos! Rarará!

 

E o novo presidente do Paraguai que está sendo investigado por contrabando? Paraguaio legítimo!

 

Denunciam que ele faz contrabando de cigarro. Aquele que mata rato e estoura peito. Isso é genocídio. Rarará!

 

É mole? É mole, mas sobe!

 

O Brasil é Lúdico! Olha esta funerária em Bodocó, Pernambuco: “Funerária VIP! Vida I Paz”. Rarará!

 

E este cartaz num estabelecimento em São Paulo: “Precisa-se de montador, ajudante geral e pintor. Aceitamos bolivianos”.

 

Aceitam boliviano porque um boliviano só trabalha como montador, ajudante geral e pintor! Rarará!

 

Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

 

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WANDA CAMARGO

GAZETA DO POVO – PR 24/04

 

Senso de humor em tempo politicamente correto

 

Milhares de brasileiros, não necessariamente afrodescendentes, tratam-se, carinhosamente, por “minha nega”, “meu nego”, “neguinha”. Pelé, dos mais amados, é chamado comumente de Negão. Não consta que ninguém tenha se ofendido com isso – e esperamos que a visão míope da chamada correção política não rotule tais tratamentos como degradantes ou pretenda que devam ser excluídos.

 

Em particular, escolas sempre foram locais propícios a apelidos, a folguedos beirando à crueldade, apesar de todos os esforços de pais e professores. Crianças são sinceras e, muitas vezes, como definiu Sartre, “polimorfos cruéis”, rotulando características físicas, tomando o que desejam sem noção de propriedade, partindo para o confronto físico sem consideração pela discussão filosófica.

 

Contraditoriamente, hoje cuidamos mais do linguajar, somos orientados quanto à possibilidade do tormento que podemos infligir aos demais e, apesar disso, nunca se registrou tanta violência pesada em ambiente escolar. Recentemente, até mesmo professores têm sido acusados de racismo por dizer aos alunos, mesmo que em tom de brincadeira, frases e tratamentos interpretados como ofensivos.

 

Uma visão rápida pode denotar, sim, preconceito – e odioso. Mas não se trata disso. Docentes com carreiras profissionais meritórias, pessoas conhecidas por seriedade, equilíbrio e gentileza, bons professores, com a idade, passam a ver seus alunos um pouco como filhos, principalmente no caso em que são muito mais novos. Ao vê-los fazendo estripulias em momentos sérios, brincando em lugar de aprender, comendo em sala de aula (o que não é proibido, mas inadequado), fazem observações jocosas, muitas vezes interpretadas como agressivas.

Não somos totalmente donos do que falamos – uma parte é propriedade de quem ouve. Sabem disso os usuários de redes sociais que, quando digitam algo que consideram engraçado, o seguem imediatamente por onomatopeias de risos (rsrsrs, kkk), deixando claro a quem lê qual a intenção.

 

Na fala, o tom da voz, o gestual, a expressão do interlocutor, substituem os “rsrsrs” – quase sempre. Distinguir uma brincadeira de uma ofensa nem sempre é fácil; exige maturidade, conhecimento do outro e depende até do momento que se vive, pois a zombaria aceita hoje poderá ser encarada como litígio amanhã.

 

O fato é que nunca convivemos tão proximamente. Distâncias foram encurtadas pelos meios de transporte e pelas mídias sociais. Fala-se com pessoas instantaneamente, estejam elas próximas ou em outros lugares do globo terrestre. Nessa mesma velocidade, a praga do politicamente correto se espalha – e pessoas, por tudo respeitáveis, parecem não desejar apenas a deferência informal, suave, algo brejeira, que nós, brasileiros, dedicamos aos nossos iguais. Parecem ansiar pela solenidade, mofado apanágio dos imperadores e dos papas.

 

Jairo Marques, colunista da Folha de S.Paulo, cadeirante desde a infância, escreve sobre uma menininha que tem paralisia cerebral, contando de suas dificuldades, doçura e fortaleza: “É cadeirantinha, sabida e atrevida, uma vez que é firme no propósito de mostrar que pode, que deve e que vai seguir adiante, mesmo com tanta gente desumana na chamada humanidade”.

 

Faz referência a “mal-acabadinha”, termo que usa com frequência e ironia apenas permissível de cadeirante para cadeirantinha. E isso, muito longe de ser ofensivo, humaniza, lembra-nos de que não se trata de uma abstração sobre rodas que, por isso, precisa e tem direito a prioridades de acesso. É uma criança e, como todas as outras, precisa ser amada e que brinquem com ela.

 

Em tempos de adesão irrefletida ao aparentemente virtuoso, nosso senso de humor acabou?

 

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TOSTÃO

FOLHA DE SP – 24/04

 

Debaixo do tapete

Na dúvida, Felipão deve preferir os jogadores que atuam no Brasil, para cativar o torcedor na Copa

 

O Bayern, em casa, em um ritmo alucinante e com talento, anulou e goleou o Barcelona, por 4 a 0. Em vez de recuar e de fechar os espaços na defesa, como fazem quase todas as equipes que enfrentam o Barcelona, o Bayern marcou por pressão e manteve o time catalão longe de seu gol. Dois gols foram ilegais, o que não diminui a superioridade da equipe alemã. O Barcelona mostrou novamente suas deficiências.

 

Talvez a melhor solução para o Brasil ganhar a Copa do Mundo, em casa, ainda mais que há seleções melhores que a nossa, será repetir o ritmo alucinante e a marcação por pressão, sem deixar o adversário pensar e trocar passes, como fizeram o São Paulo, contra o Atlético-MG, e o Palmeiras, contra o Libertad, faz o Galo, no Independência, e fez o Bayern, contra o Barcelona.

 

Para isso, é necessário criar fortes laços afetivos entre a torcida e os atletas. Felipão terá uma dura tarefa. Ele vai esticar a corda para um lado, e Marin, para o outro.

 

Marcar por pressão e tentar sufocar o outro time, pelo menos em parte do jogo, é cada dia mais comum na Europa. Evidentemente, cada país tem suas particularidades. Não é também novidade.

 

Nos anos 1960, quando jogava contra Grêmio e Inter, em Porto Alegre, raramente, recebia uma bola livre. A Holanda, no Mundial de 1974, o Milan, com o treinador Arrigo Sacchi, no fim dos anos 1980, e o Barcelona atual, em seus melhores momentos, são alguns exemplos de grandes times que marcam muito bem por pressão.

 

Na entrevista ao repórter Martín Fernandez, da Folha, Felipão disse que volante goleador só é bom para a imprensa. Hoje, os melhores times e seleções possuem volantes que marcam, dão bons passes e avançam para continuar as jogadas.

 

Mesmo os mais marcadores são jogadores de meio-campo. Não atuam plantados atrás, apenas para proteger zagueiros e laterais. Os dois volantes e os dois laterais avançam alternadamente.

 

O futebol compartimentado e com grandes espaços entre setores é uma das grandes deficiências do futebol brasileiro, que Mano Menezes tentava corrigir na seleção.

 

Felipão, que trabalhou muitos anos na Europa, disse que conversa com os melhores técnicos estrangeiros (deveria conversar também com Tite e Cuca) e assiste a todos os grandes jogos pela TV.

 

Mas, como muitos profissionais, de todas as áreas, mesmo os bem informados, Felipão confia e acredita mais na experiência pessoal e no que acha que deu certo do que na ciência e no que é reconhecido como referência de excelência. É a onipotência do pensamento, frequente no ser humano.

 

Muitos treinadores agem como se tivesse apenas uma maneira de vencer e como se não houvesse erros nas vitórias e

 

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HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP – 24/04

 

À flor da pele

SÃO PAULO – Foi Porfírio (c. 234 – c. 305) quem definiu o homem como animal racional. Ele estava errado, mas isso não é tão mau. Afinal, se fôssemos racionais o tempo todo, ninguém daria gorjeta num restaurante a que não pretende voltar e esposas abandonariam seus maridos doentes para ficar com um parceiro saudável. Num mundo perfeitamente racional, havendo garantias de que não seremos apanhados, sempre vale a pena roubar a carteira do melhor amigo. A moral e a ética estão fundadas em nossas emoções.

 

Isso não significa que um temperinho racional não seria bem-vindo. Por mais que tente, não compreendo a reação da multidão de franceses que protesta contra a aprovação do casamento gay. O que dois adultos fazem de forma consensual entre quatro paredes em matéria de sexo não é da conta de mais ninguém e, se o Estado confere a casais heterossexuais uma série de direitos, não há justificativa racional para não estendê-los a pares do mesmo gênero. Até faria sentido se os manifestantes estivessem reclamando das perdas fiscais que a medida implicará, mas não parece que seja este o caso.

 

De modo análogo, não entendo bem a insistência dos gays no casamento de papel passado. Eles estão basicamente procurando sarna para se coçar. Dado que 55% dos matrimônios franceses acabam em divórcio e que os direitos fundamentais estão assegurados tanto na figura do casamento quanto do pacto civil, ao qual homossexuais já têm acesso, na maioria dos casos seria mais prático e barato jamais oficializar as núpcias. Essa ao menos tem sido a opção de cada vez mais franceses. Embora o instituto do pacto civil tenha sido criado em 1999 para contemplar os gays, hoje 95% dos que recorrem a ele são casais heterossexuais.

 

Mesmo sem pretender chegar a um mundo 100% racional, que seria um lugar ruim de viver, deveríamos pensar duas vezes antes de dar plena vazão a nossas emoções morais.

 

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ROBERTO Da MATTA

O Estado de S.Paulo – 24/04

 

Contatos imediatos

Contatos íntimos com alienígenas são para muitos uma fantasia. Afinal, até hoje só o Super-homem nasceu em Kripton e renasceu como um americano exemplarmente tranquilo (com DNA liberal e igualitário) no coração da América. Mas o fato é que todo dia temos encontros íntimos com “outros” de todo tipo. O mais comum é a esposa ou a empregada; o mais geral é o avô; o mais intrigante é o descendente que, mesmo tendo o nosso sangue, faz coisas de arrepiar os cabelos; o mais f.d.p é o governante que rouba os nossos impostos ou não sabe o que ocorreu com eles.

O mais enigmático, porém, é o estrangeiro. O que vivia na casa dos nossos ancestrais: aqueles escravos que pertenciam à família e à casa, mas não ao Brasil; e os “índios” que fazem parte do Brasil, mas não são brasileiros como nós.

 

O “outro” – o alternativo ao nosso modo de ser e pertencer não está em outro planeta, está ao seu lado e até mesmo dentro de você como provam as tragédias. Não é que o mundo esteja ficando mais incerto, como querem os tolos, é que a alteridade é uma propriedade do que chamamos de humano – algo concebido pelo Ocidente como sendo igual pelo menos a si mesmo. Eis uma falácia do tamanho de um bonde ou da corrupção à brasileira.

 

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Foi premonição. Eu escrevi duas crônicas rememorando visitas ao povo Gavião em 1961 – esses “índios” que são os nossos outros mais próximos – e testemunhei a “invasão dos índios” ao recinto da Câmara dos Deputados. Não é fácil topar com o “outro” cara a cara. O que aflige é não saber as intenções do alienígena. Essas intenções que promovem insegurança e correria que vi na televisão.

 

Afora isso, vivi a ingrata surpresa de descobrir que o Conselho Nacional de Pesquisas me obrigava a declarar no meu Currículo Lattes (onde rotineiramente registro minha produção acadêmica) uma inesperada filiação étnica ou racial!

Pode-se evitar a declaração, como fiz. Mas sem a resposta, os dados de minha biografia acadêmica obrigatória, sujeita às penas da lei, não são enviados. Eis uma desagradável experiência do “outro” num órgão para o qual eu sou, na área das Ciências Sociais brasileiras, um contribuinte de primeira hora.

 

Sempre fui favorável às cotas étnicas. Cansei de testemunhar a ausência de não brancos só terem uma presença exemplarmente ausente das elites do Brasil. Na rua, negros, pardos, mulatos e mestiços são legião, mas em qualquer foto oficial de qualquer ministério, gabinete, embaixada, comitê ou comissão, os não branquelas são uma nobre minoria.

 

O que me intriga nessa obrigatoriedade de declarar a etnia ao egrégio Conselho Nacional de Pesquisa, a quem eu devo tanto e sou profundamente agradecido, é descobrir o que a autoclassificação étnica tem a ver com pesquisa acadêmica e científica. O que caracteriza a segregação não é somente a distinção física nem a autoclassificação, mas o loteamento obrigatório e institucionalizado que o Brasil conhece muito mais como pobreza do que como raça.

 

Num concurso público eu acho importante prever cotas para não “brancos”. Sobretudo, enfatizo, não “brancos” pobres. Mas qual é o propósito de saber se sou desta ou daquela etnia quando eu registro no meu Lattes um artigo ou livro que acabo de publicar?

 

Não estaríamos correndo o risco de promover racismo quando o nosso objetivo seria reduzi-lo ou liquidá-lo?

 

Conta o folclore que um famoso intelectual, notável pelo seu engajamento no sentido de transformar o Brasil, ao ser apresentado ao formulário de visto para visitar os Estados Unidos (cujos órgãos de fomento à pesquisa não tem um Lattes, mas tem um presidente negro e teve KKK e segregação racial) no qual se solicitava uma declaração de “raça”, ele não marcou “branca”, “negra” ou “indígena”, mas escreveu “humana”!

 

Espero que sejamos todos dispensados dessa asneira racista.

 

PS: Nesse contexto, que ninguém deixe de ler a nota de ElioGaspari sobre como se faz uma biblioteca digital pública nos Estados Unidos com quase nada da viúva, que lá – pelo visto – é muito bem-casada com o povo.

 

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FERNANDO RODRIGUES

FOLHA DE SP – 24/04

 

Valores e culturas diferentes

BRASÍLIA – Quando há mortes em série nos EUA, a reação no Brasil é quase sempre a mesma. No calor do fato, é comum ouvir: a sociedade norte-americana é doente e cheia de malucos atirando uns nos outros.

 

Como se sabe, não é bem assim. Tragédias com matadores descontrolados acontecem em todas as partes. No Brasil, a memória sobre Realengo ainda está fresca.

 

A análise subsequente é também clássica nessas horas. Resmunga-se contra o destaque para três mortos em Boston enquanto nas periferias brasileiras há muito mais assassinatos e ninguém dá bola. Seria melhor me eximir de comentar tal observação. Não resisto. Repito o óbvio. Uma das razões para um fato virar notícia é a sua excepcionalidade.

 

Mas o aspecto que mais me interessa nessas situações é quando, em geral, policiais nos EUA são aplaudidos depois de caçarem suspeitos. É só as imagens aparecerem “foi o caso das bombas em Boston” e muitos brasileiros reagem tapando o nariz. Acham um despropósito saudar agentes de segurança “tão brutais” (sic). Afinal, um dos suspeitos foi morto em circunstâncias incertas. O outro ficou gravemente ferido ao ser capturado.

 

A reação brasileira é reveladora da nossa relação com a lei e a ordem. Há aqui um desprezo difuso a tudo que cheira a oficialismo. Identifico três razões na origem desse valor bem tupiniquim (também presente na América Latina afora).

 

Primeiro, a ditadura militar (1964-1985) nos ensinou a desconfiar e a repelir policiais. Segundo, a tradição ibero-católica nos compele a amar o Estado quando temos algo a lucrar de maneira direta e a odiá-lo se nos obriga a cumprir nosso dever. Por fim, a qualidade geral da polícia no Brasil deixa a desejar.

 

Nesse contexto, entendo tantos brasileiros sentirem náusea ao verem norte-americanos aplaudindo seus policiais. Mas acho que esse é mais um traço do nosso atraso.

 

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SONIA RACY

O ESTADÃO – 24/04

 

No ar – A troca do ministro da Aviação Civil – saiu Wagner Bittencourt e entrou Moreira Franco– não barrou a interferência de Arno Augustin no setor aéreo.

 

Em menor grau do que antes, mais ainda ativo, o secretário do Tesouro e membro do conselho da Embraer continua dando cartas.

 

Ninguém entende muito bem o porquê.

 

Pesado – Entre os lojistas que investirão em seus próprios negócios visando a Copa das Confederações, a maioria (77%) usou dinheiro do bolso. E somente 20% tomaram empréstimo em bancos. Números de pesquisa do SPC.

 

Maior reclamação? A burocracia para conseguir crédito e as altas taxas de juros.

 

Esperança –A pelo menos um interlocutor, Marina Silva se mostrou confiante, ontem, de que conseguirá barrar, no Senado, o projeto que restringe o acesso de novos partidos à propaganda de TV e ao fundo partidário.

 

Confusão – Entra mais um nome na disputa pela presidência da TV Cultura, se contrapondo a Marcos Mendonça.

O do ex-secretário de Cultura Carlos Augusto Calil.

 

Internacional – É oficial: o escritório da ONU em São Paulo será aberto dia 9 de maio. No centro.

 

Vassoura – Substituindo Joaquim Barbosa (em viagem) no comando do CNJ, Ricardo Lewandowski limpou a pauta em sessão extraordinária, ontem.

De uma só vez, foram julgados nada menos que 25 processos.

 

Em Sampa – Mantega se reúne hoje com Paulo Skaf, na Fiesp. Entre outros assuntos, busca apoio para a reformulação do ICMS.

 

Martelo batido – O Sesc vai patrocinar, pela primeira vez, palco da Virada Cultural. O espaço da Júlio Prestes será contemplado com reforço de R$ 600 mil.

 

Fiéis – Os corintianos encarcerados na Bolívia correm risco de ficar atrás das grades por… um ano.

É que, lá, a prisão preventiva vale por até seis meses, renovável por outros seis.

 

Arco-íris – A Parada LGBT, que acontece dia 2 de junho, quer se reaproximar da Prefeitura de SP. A organização está em contato com a Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual para que Haddad faça o discurso de abertura.

Caso ele aceite, será o primeiro prefeito, depois de Marta Suplicy, a discursar na parada.

 

Íris 2 – As atividades da parada começam semana que vem, com entrega do Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade. Será homenageado o governo francês, que aprovou, anteontem, o casamento entre homossexuais.

 

E Daniela Mercury levará prêmio pela inclusão de balé com temática homoerótica em seu trio elétrico no último carnaval.

 

Íris 3 – Na França, aliás, a musa do governo Sarkozy, RachidaDati, foi contrária à aprovação da lei, em especial um trecho do projeto (que não foi votado ontem) sobre a reprodução in vitro para casais homossexuais.

 

Poetinha – E está saindo do forno portal especial do centenário de Vinícius de Moraes. “Será um site referência para pesquisadores e fãs do poeta”, contou à coluna Bruno Fraga, diretor da 6D, agência responsável pelo projeto.

 

Na frente – Acontece, amanhã, sessão da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Na Praça Roosevelt, centro de SP.

Em palestra na FGV, sábado, Graça Foster relatou diálogo duro que travou com gaiato que lhe perguntou se o pré-sal é “pra valer mesmo”. Resposta? “Não, imagina. Estou comprando esses equipamentos caríssimos da sua empresa para deixar estocados na minha casa.”

 

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MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP – 24/04

 

PRIMEIRA LINHA – Lula já tem advogados que acompanham o inquérito da Polícia Federal para investigar acusações de que ele está envolvido no escândalo do mensalão: o criminalista Márcio Thomaz Bastos e José Gerardo Grossi, de Brasília, que já advogou para o ex-presidente em questões eleitorais.

 

LINHA 2 – Lula não está sendo formalmente investigado. Mas há expectativa de que isso ocorra já que o publicitário Marcos Valério, que vai depor na Polícia Federal, deve repetir declarações tentando envolver o ex-presidente no caso.

 

PALAVRA – E José de Abreu deve depor no dia 8, no Rio, no processo aberto contra ele a pedido do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal). A queixa-crime é baseada em comentários que o ator fez contra o magistrado no Twitter.

 

INTERVALO – A ministra Marta Suplicy deve tirar licença do Ministério da Cultura em breve. Ela vai se casar com Márcio Toledo, ex-presidente do Jockey de SP. O ministério não confirma a saída e diz que ela não fala da vida pessoal.

 

INTERVALO 2 –E a ministra diz, em nota, que os cineastas que aderiram ao abaixo-assinado manifestando preocupação com mudanças na Cinemateca Brasileira não têm motivo para “apreensão”. Marta Suplicy afirma que considera o órgão “o mais importante instrumento de preservação do nosso cinema”.

INTERVALO 3 –A CGU (Controladoria Geral da União) está fazendo uma investigação nos processos administrativos da Cinemateca. Diz a ministra que, depois de “um período em que muito foi feito, mas também rumos não de acordo com a finalidade da instituição foram trilhados”, houve necessidade de “arrumação”. Convênios questionados foram suspensos mas recursos “estão sendo liberados para o cumprimento de suas responsabilidades”.

 

EPOPEIAS NA TELONA – O cineasta filipino Lav Diaz ganhará retrospectiva de sua obra na próxima Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro. Entre os 18 filmes do diretor que serão exibidos estão “Melancolia” e “Evolução de uma Família Filipina” –com oito e dez horas de duração, respectivamente.

 

COITADINHOS – Será nos dias 7 e 8 de maio no Sesc Vila Mariana o show de lançamento do álbum “Coitadinha Bem Feito”, em que 17 cantores (Criolo, Thiago Pethit, Lucas Santtana etc.) interpretam canções de Ângela RoRo. A apresentação contará com Adriano Cintra, Otto, Gui Amabis, Lirinha, Gustavo Galo e Pélico. O disco, com direção artística de Marcus Preto, será disponibilizado, a partir do dia 29, gratuitamente, no site coitadinhabemfeito.com.br.

 

VITRINE – O Rio de Janeiro vai sediar o encontro internacional de emissoras públicas de rádio e TV da PBI (PublicBroadcastersInternational) em 2014. A organização será da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que administra a TV Brasil.

 

NO BATENTE – Levantamento do “Guia Você S/A” indica que a maioria dos jovens (72%) que está começando carreira paga seus estudos. Muitos (48%) ainda conseguem economizar para ajudar os pais nas despesas. Só 6% das empresas pagam os estudos para seus jovens funcionários.

 

LINHA DE MONTAGEM – Os ministros Aguinaldo Ribeiro (Cidades) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento) foram anteontem à posse de Luiz MoanYabiku Júnior na presidência da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos) e do Sinfavea (sindicato da indústria do setor). Os presidentes no Brasil da Ford, Steven Armstrong, e da Fiat, CledorvinoBelini, também estiveram na cerimônia.

 

OUTRAS TRIBOS – A índia KokokreKayapó, da aldeia Pakanu, e os grafiteiros André Berardo, Bugre, Francisco Rosa, Gen Duarte, Sliks e TikkaMeszaros participaram do projeto Diálogo de Culturas, na Galeria Oscar Quarente8. O apresentador Marcelo Tas e Andrea Covas, especialista em transporte de obras de artes, compareceram ao evento no fim de semana.

 

TURMA DA FIEL – O livro “Vai, Corinthians! (Que Nós Vamos Atrás), de Celso Unzelte, Dante Grecco Neto, Antonio Marcos Abrahão Junior e André Luiz Pereira da Silva, foi lançado anteontem. O ex-jogador Roberto Rivelino e o ex-presidente corintiano Luis Paulo Rosenberg foram à Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

 

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ILIMAR FRANCO

O GLOBO – 24/04

 

Enquadrados –O presidente do PT, Rui Falcão, desembarcou ontem em Brasília. Esteve com os senadores petistas Jorge Viana (AC), Aníbal Diniz (AC), Paulo Paim (RS), Eduardo Suplicy (SP) e Lindbergh Farias (RJ). E deu o recado: aprovar o projeto que tira o Fundo Partidário e o tempo de TV dos novos partidos “é uma questão fechada da direção nacional”; O PT teme o esvaziamento do PSD de Kassab.

 

O que dizem os marinheiros –A despeito das previsões dos tucanos, de que ela não repetirá os 20 milhões de votos de 2010, a candidata Marina Silva (Rede) avalia, segundo partidários, que tem mais força hoje que o PSDB, partido que teria perdido espaço nos últimos quatro anos. Seus aliados consideram que “Aécio Neves (PSDB) está tentando subir nas pesquisas” e que “Eduardo Campos (PSB) ainda não demonstrou ser capaz de conquistar uma parcela grande dos eleitores de São Paulo, de Minas, do Rio e do Sul do país” Quanto à presidente Dilma, eles perguntam: “A presidente Dilma chegou ao seu máximo? Ela conseguirá crescer mais? Será que ela não pode começar a decrescer?”

 

“Este governo conseguiu criar um clima de diálogo entre o Aécio Neves (PSDB), o Eduardo Campos (PSB) e a Marina Silva (Rede)”

Arnaldo Jardim Deputado (PPS-SP), sobre projeto que retira dos novos partidos o Fundo Partidário e o tempo de TV

 

Cautela – Aliados do governador Sérgio Cabral (RJ) avaliam que é preciso esperar pesquisas para saber se a chapa Luiz Fernando Pezão-José Mariano Beltrame vai empolgar. A oposição minimiza: “O Beltrame não é essa Coca-Cola toda”

 

Abrindo portas – O presidente da empresa Indra, Javier Monzón, que atua com mão de obra especializada em infraestrutura, terá audiência com a presidente Dilma na próxima semana.

 

Ele será recebido pelas mãos de Felipe González (foto), ex-primeiro-ministro espanhol. O Brasil quer atrair profissionais altamente qualificados na área da engenharia.

 

Tucanos cortejam Miro – O senador Aécio Neves (PSDB-MG) está apostando tudo na atração do PDT do ministro Manoel Dias (Trabalho). Por isso, os tucanos acenam dar apoio à candidatura do deputado Miro Teixeira (PDT) para o governo do Rio.

 

OMC: candidatura do Brasil avança – O governo brasileiro comemora a decisão dos países europeus, adotada anteontem, durante reunião em Dublin, na Irlanda, indicando o voto nos candidatos do Brasil, Roberto Azevêdo, e do México, Herminio Blanco, para a Diretoria-Geral da OMC. Na sexta-feira, serão conhecidos os dois candidatos que passaram pela peneira e serão submetidos aos 159 países filiados ao organismo.

 

Na mesa: o voto dos fiéis – O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano, quer concorrer ao Senado. O PSC está no governo Alckmin e negocia para o pastor ser o candidato. E promete o voto dos sete milhões de evangélicos paulistas.

 

“Olha a cabeleira do Zezé”… – As câmeras do plenário do Senado mudaram de posição. Todas as que estavam no mezanino foram desativadas. Motivo: os senadores carecas estavam reclamando do ângulo, pois, de cima, suas cabeças ficavam muito expostas.

 

A CNI explica que não quer o fim da multa de 40% do FGTS para demissões, e sim do adicional de 10% para o fundo nas demissões sem justa causa.

 

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VERA MAGALHÃES – PAINEL

FOLHA DE SP – 24/04

 

Arquivo confidencial – Responsável na PF pela investigação sobre o suposto envolvimento de Lula no mensalão, a delegada Andréa Pinho negou a defensores do ex-presidente acesso ao inquérito. Em despacho, ela sustenta que a Justiça Federal decretou segredo do caso. Embora lembrem de súmula vinculante do STF que diz ser direito do acusado ter “acesso amplo aos elementos de prova”, advogados do petista descartam, por ora, a adoção de medidas judiciais para requisitar toda a documentação.

 

Naquele tempo 1– Criminalistas que atuam no julgamento do mensalão evocam a passagem de Nelson Jobim pela presidência do Supremo para criticar o ministro Joaquim Barbosa, avesso ao contato com os advogados.

 

Naquele tempo 2– Afirmam que, ao contrário do atual presidente, Jobim, ao lado de Ellen Gracie, recebeu grupo de profissionais para colher opiniões sobre a relação com Judiciário. Entre os participantes estavam José Eduardo Alckmin e Antônio Carlos de Almeida Castro.

 

Tudo…– Observadores do mensalão argumentam que Teori Zavascki, considerado o fiel da balança para empates no mensalão, não mudará o placar de pelo menos um caso, independentemente de sua votação: a condenação de João Paulo Cunha por lavagem de dinheiro.

 

… na mesma– Se seguir o antecessor, o placar do item continuará em 6 a 5, já que Cezar Peluso absolveu o deputado petista do crime.

 

Jurisprudência– Recém-empossado na Comissão de Direito Eleitoral da OAB-SP, Alberto Rollo propôs debate na instituição sobre os desdobramentos da aprovação do projeto que restringe acesso de novas siglas ao fundo partidário e ao tempo de TV.

 

Onde pega– Juristas têm sido demandados sobretudo quanto à legalidade da janela de migração para o Mobilização Democrática, fruto da fusão do PPS com o PMN.

 

Viva-voz– Élio Neves, da Federação dos Empregados Rurais assalariados, enviou ofício ontem a Dilma Rousseff cobrando audiência para discutir plano para desonerar o etanol. A entidade alega que o governo só ouviu os empresários na questão.

 

Efeito…– A Força Sindical orientou entidades filiadas a brigar por reajuste salarial trimestral em razão da alta da inflação. A recomendação vale para categorias que estão em campanha por aumento. A central diz que age contra a corrosão do “poder aquisitivo do trabalhador”.

 

… cascata– A proposta de indexação será levada a público no ato de 1º de Maio, mas já provoca controvérsia. “Somos contra”, diz Wágner Gomes, da CTB. A CUT também não endossa a ofensiva.

 

Na geral Aécio Neves pretende ir ao Mineirão hoje assistir ao amistoso da seleção brasileira contra o Chile. O senador anunciara, no ano passado, que o estádio receberia jogo preparatório para a Copa das Confederações.

 

Agora vai? Após divergirem na concepção do programa, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad anunciam na sexta-feira acordo entre o governo do Estado e a prefeitura para a internação compulsória de viciados em crack.

 

Ansiolítico O governador marcou conversa com José Serra hoje. Alckmin tem dito a aliados que seu antecessor pode se apoiar na crise no PSDB paulista para justificar eventual saída da sigla.

 

Lema Petistas catalogaram a declaração de Guilherme Afif (PSD), segundo quem São Paulo vive “epidemia de insegurança”. “O vice-governador nos deu a primeira peça de campanha para 2014”, diz um estrategista do PT.

 

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

 

Tiroteio

“Compromete a imagem do STF seu presidente participar de homenagem no palanque do partido que será julgado por ele no futuro.”

DO DEPUTADO FERNANDO FERRO (PT-PE), sobre a comenda que Joaquim Barbosa recebeu do governo do PSDB no Estado do mensalão mineiro.

 

Contraponto

Cada um no seu quadrado

Ao lado de Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) discursava ontem na apresentação da agenda legislativa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em Brasília. O presidente da Câmara elogiou a iniciativa e disse que a organização dos temas ajudava o Congresso, repleto de demandas.

 

–Todo dia é uma pressão. Coloca na pauta! Depois vem a contrapressão. Tira da pauta!

Olhando para a ministra, completou:

–Não falei do governo ainda. Se falar do governo então, tenho que sentar numa ponta e a senhora na outra!

 

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FLÁVIA OLIVEIRA – NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO – 24/04

 

SERVIÇOS PESAM MAIS TAMBÉM NA INFLAÇÃO DOS POBRES

Setor representa mais de um quarto do IPC-C1, índice da FGV que mede custo de vida para quem ganha até 2,5 mínimos

 

Os alimentos são um peso grande no orçamento das famílias pobres. Mas já não são os maiores. Na cesta de consumo do século XXI, os serviços livres são os itens que mais pesam na inflação da baixa renda. Foi o que o economista Salomão Quadros, do Ibre/FGV, descobriu ao agrupar as ponderações do Índice de Preços ao Consumidor, o tradicional IPC-Br, e as do IPC-C1, que analisa o custo de vida para famílias com renda mensal de até 2,5 salários mínimos.

 

Por causa do nível de renda, os alimentos pesam mais no bolso dos pobres que no da classe média. É o esperado, diz Quadros: “A novidade é que, no novo padrão de consumo das famílias de baixa renda, os serviços pesam mais que a comida. Não era assim nos anos 90, por exemplo”. Enquanto a alimentação no domicílio representa um quinto do IPC-C1 (20,96%), os serviços livres chegam a 25,78%.

 

O grupo inclui despesas como refeição e lanche fora de casa, aluguel, salão de beleza e transporte em vans. O salto é ainda maior, quando se consideram os serviços administrados, caso de tarifas de energia, ônibus, telefonia, que têm reajustes controlados pelo governo. Na inflação dos pobres, eles pesam outros 22,33%.

 

ACELERADA – Passaram da metade (55%) as obras do conjunto habitacional no terreno do antigo Complexo Penitenciário da Frei Caneca, no Estácio, demolido em 2010. A Emccamp Residencial ergueu 19 dos 50 blocos. A entrega está prevista oficialmente para o 1º semestre de 2014, mas a Secretaria estadual de Habitação espera que os 998 apartamentos fiquem prontos até o fim deste ano. A área de 43.500 metros quadrados abrigará dois condomínios, batizados de Zé Keti e Ismael Silva, mestres do samba. Os imóveis vão para famílias do cadastro da Cehab. Integram o programa Minha Casa Minha Vida.

 

Investimento – As estatais federais, no 1º bimestre de 2013, investiram R$ 13,7 bilhões, alta de 10,7% sobre um ano antes. A execução orçamentária foi recorde. Bateu 12,4% do previsto para o ano. Os dados são de boletim que o Ministério do Planejamento publica no D.O. de hoje.

 

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MARIA CRISTINA FRIAS – MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP- 24/04

 

Renda de quem tem plano de saúde muda pouco pelo país

Apesar das diferenças econômicas entre as regiões brasileiras, a renda de beneficiários de planos de saúde é similar em todo o país, segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). O rendimentos mensal da parcela da população que tem planos de saúde individuais varia de R$ 2.937, no Nordeste, a R$ 3.413, no Centro-Oeste. No Sul, é de R$ 3.032, no Norte, de R$ 3.028, e de R$ 2.958, no Sudeste.

 

O estudo compara dados da Pnad de 2003 e 2008. Apenas nestes anos, o Suplemento Saúde permite identificar quem tem plano, segundo a entidade que reúne empresas de saúde suplementar.

 

O maior nível de comprometimento da renda com plano de saúde foi observado na faixa etária de 18 a 29 anos, segundo o levantamento.

 

“Os mais novos acabam subsidiando os mais velhos, o que não é bom porque os jovens não têm uma renda tão alta”, constata Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS.

 

De 2003 a 2008, a renda dos beneficiários de planos de saúde cresceu mais que a mensalidade do plano, diz Carneiro. Em 2003, o plano comprometia, em média, 9,6% do rendimento dos beneficiários e, em 2008, 9,0%.

 

O crescimento da contratação de planos individuais depende do aumento da renda disponível, afirma Carneiro.

 

“Se a renda subir, mais pessoas sem um plano coletivo terão acesso”, diz. “Apesar da saúde ser essencial, há também a concorrência com outros bens, como o celular.”

 

Atrás… O departamento de turismo e comércio do governo de Dubai vai anunciar hoje a criação de um escritório em São Paulo. Será a primeira representação do emirado na América Latina para atrair turistas para a região.

 

…de turistas Cerca de 40 mil brasileiros visitaram a cidade de Dubai em 2012, um aumento de 28% ante 2011. A Interamerican Network será a responsável por representar os árabes nos mercados brasileiro e sulamericano.

 

Negócio… A Agência Holandesa de Investimentos (NFIA) quer atrair empresas brasileiras para o país, principalmente do setor de agronegócio. Há 15 companhias do Brasil no país, número que a NFIA quer multiplicar por oito.

 

…da Holanda O seminário Agrofood será organizado em junho para mostrar as vantagens competitivas da Holanda. “Os investimentos brasileiros não chegam a US$ 1 bilhão”, diz Egbert Hartsema, diretor-executivo da NFIA.

 

APORTE ILUMINADO – A Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) vai investir mais de R$ 63 milhões no sistema de transmissão de energia elétrica da cidade.

 

Cerca de R$ 28 milhões serão aplicados em transformadores para a subestação Bandeirantes, na zona sul, e R$ 30,7 milhões para a subestação Norte, na região metropolitana.

 

“O reforço vai elevar a confiabilidade do sistema de transmissão em um evento como a Copa do Mundo, além de modernizar os ativos”, de acordo com César Augusto Ramirez Rojas, presidente da companhia.

 

O investimento prevê também a instalação de cerca de 226 para-raios em subestações localizadas em áreas com alta ocorrência de descargas elétricas.

 

O objetivo é diminuir a possibilidade de uma interrupção no fornecimento de energia.

 

R$ 843,5 milhões – foi o lucro da empresa em 2012

 

28% da energia – elétrica do país trafegam pelas linhas de transmissão da Cteep

 

Segurança… Órgãos governamentais são responsáveis por 9% do faturamento das empresas de segurança eletrônica. No total, foram US$ 2 bilhões em 2012, segundo a Abese (associação do setor).

 

…pública Amanhã, os associados se reúnem para definir uma terminologia única para os produtos. “A padronização traz maior segurança aos clientes”, afirma Selma Migliori, presidente da entidade.

 

Educação A HP, empresa de produtos e serviços de tecnologia, vai financiar organizações educacionais do Brasil na produção de minicursos on-line para professores. Até 26 projetos devem ser atendidos.

 

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ROSÂNGELA BITTAR

Valor Econômico – 24/04

 

De esquerda, realista e democrático

A história política de Roberto Freire tem constantes que se reproduzem com tal naturalidade que muitas vezes seus críticos perdem a referência e vão buscar defeitos onde há apenas perseverança. O que ocorreu agora com a criação da Mobilização Democrática, MD, legenda resultante da fusão do PPS com o PMN, é síntese de uma trajetória marcada pelo senso de realidade na construção do caminho até encontrar o porto.

 

Mais do que buscar uma aproximação do quadro eleitoral, suas mudanças representam claramente a busca do que define como uma afirmação da esquerda democrática.

 

Isso tem a ver, na sua avaliação, com a origem de tudo: ” O partidão, e as vicissitudes que ele passou por causa da própria realidade mundial, do socialismo, e a constatação que foi feita que é necessário estar buscando sempre a renovação, as alianças, a linha do processo democrático”.

 

Mobilização pode ir com Eduardo Campos, se ele for.

 

O que é fundamental nesse processo? Freire explica: “O compromisso com a ideia da esquerda democrática, nunca perder esse ideal da mudança, da transformação”.

 

Em todos os partidos onde o PCB, o partidão, encontrou guarida para atuar inclusive quando esteve na clandestinidade, fez a busca da autenticidade, do seus ideais. Freire rebate outra crítica, a de que suas transformações servem de linha auxiliar de um ou outro projeto partidário. “Nós nunca nos firmamos, como alguns imaginam, como força auxiliar de quem quer que seja. Nunca fomos sub-legenda. Muito ao contrário. Nunca fomos o que não somos. Já fomos com o PT, já fomos com o PMDB, já fomos com os socialistas, já fomos com o PSDB, votamos com quem nos aliamos, com quem achamos que devemos”.

 

Para Freire, o partido em que se encontra em cada momento transformador é sempre o mesmo, o PCB, sempre pequeno, sempre com dificuldades, sempre identificável, sempre independente. E em cada momento as pressões, até de fora, provocam o debate interno, a dúvida, a mobilização. Sempre volta a questão da identidade, do rumo.

 

Agora, parece estar claro que o debate interno será feito a partir de uma afinidade com os socialistas e, como consequência, na caminhada de 2014, queiram ou não os adversários, com a candidatura presidencial do Eduardo Campos.

 

“Estou me preparando para a discussão, no Mobilização Democrática, sobre o que isso vai significar. Vai ter uma disputa boa, num primeiro momento, como vamos caminhar em 2014. O PPS, antes do processo de fusão, tinha um movimento que crescia com a ideia do Eduardo Campos. No PMN não tem ainda uma clareza disso. Mas quem pensa vir para a Mobilização Democrática tem uma tendência de aliança com Eduardo Campos”.

 

Nada há de estranho nisso, ao contrário. Eduardo nunca foi um tradicional aliado do PT em Pernambuco e já ouviu discursos de campanha que insultavam seu avô, Miguel Arraes, chamando-o de “o Pinochet do Nordeste”. Derrubado esse mito da aliança inquebrantável, que na verdade foi mais pessoal, com Lula, pode estar no socialismo o porto da esquerda democrática.

 

“Tivemos sempre proximidade grande dos socialistas. Relação estreita. Tanto no PCB, como no PPS, mesmo com divergência”.

 

Para o líder do novo partido, a busca de afirmação da esquerda democrática, com o MD, não tem em mente apenas uma aproximação eleitoral visando 2014, “que seria apenas uma decantação do processo”.

 

Claro que, tendo no horizonte uma eleição, um objetivo definido, tudo caminha mais facilmente. Mas, faz questão de retomar a linha da transformação: “A aproximação é da grande frente democrática de esquerda, que o MD tem na sua origem. Porque vem do PPS, vem do PCB”.

 

Esse tipo de processo exige trabalho duro, debate, e é o que Roberto Freire está acostumado a fazer e vai fazer, para dentro e para fora.

 

Em vários momentos do processo, com alianças de um lado ou de outro, o partido dessa esquerda democrática teve maior ou menor votação. Quando esteve com a candidatura Geraldo Alckmin, ano da verticalização, fez muitos deputados, teve grande votação. A campanha de Ciro Gomes pelo PPS só ajudou o partido, registra Freire. Refletiu um bom desempenho nas disputas municipais e em seguida em 2006. Em 2010 o partido seguiu com José Serra. “Vamos permanecer no campo da esquerda democrática”. Freire cita um levantamento desse histórico das alianças desde o PCB para concluir que esteve sempre alinhado a uma política de esquerda ou de centro esquerda.

 

Que não teme mudanças, sabe-se, mas o que mesmo está Freire procurando?

 

“Estou procurando um partido que expresse um pensamento de uma esquerda democrática. Que possa aglutinar esses setores, seja um partido, ou um movimento que expresse isso, que se alie com isso. Nós fomos com o PT, pensamos isso com o Lula. Na nossa avaliação, não se realizou. O PT não aprofundou a democracia, ao contrário. O governo petista é um governo que infelizmente, nesses últimos tempos com certa constância, atenta até contra a democracia, que não é um valor universal para a sua atividade partidária”. É uma esquerda, segundo Freire, que não atendeu aos pressupostos daquilo que, com o fim da experiência histórica do socialismo real, ficou como valor fundamental para os oriundos do PCB.

 

Além da busca do eleitor de opinião, Freire conta que transferiu-se para São Paulo porque o partido tinha uma concepção, há muitos anos, que se tivesse uma liderança partidária expressiva, teria capacidade de eleger. São Paulo já é há algum tempo o grande centro da política brasileira. A economia também está lá, o estado mais desenvolvido, faz com que tenha a política mais expressiva e significativa”.

 

E redobra a atenção ao espaço que se abre. Depois de um tempo, em que o PT ocupou quase todos os espaços da esquerda brasileira, com a adesão de todos os políticos de esquerda, o quadro agora é outro. “Como nós não nos vinculamos crescemos muito pouco. Hoje, com a experiência do PT no governo, o espaço para a esquerda democrática começa a se formar de novo”. Daí a discussão que a transformação de um partido pequeno provoca.

 

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JOSÉ TAVARES DE ARAÚJO JR.

O GLOBO – 24/04

 

Ônus desnecessário

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) divulgaram recentemente uma base de dados sobre comércio em valor adicionado para 40 países no período 2005/2009. Além dos membros da OCDE, a base de dados inclui África do Sul, Brasil, China, Índia, Indonésia e Rússia. Os indicadores ali reunidos destacam alguns aspectos centrais do processo de fragmentação da produção que deu origem às chamadas cadeias globais de valor e mudou os padrões de competição da economia mundial nas últimas duas décadas.

 

As possibilidades de fragmentar a produção dependem da natureza de cada indústria. Elas são altas em indústrias de montagem, como aeronáutica, automobilística, material eletrônico, vestuário e outras; são moderadas nos ramos onde o processo de produção é segmentado, como a indústria têxtil, que reúne as etapas de fiação, tecelagem e acabamento; e são muito limitadas, ou inexistentes, em indústrias de processo contínuo, como química e siderurgia. Assim, em cada país, a importância das cadeias globais de valor está diretamente associada à estrutura de sua economia.

 

Entretanto, ainda que restrita a uma parcela da produção industrial, a fragmentação gera benefícios para o conjunto da economia através de dois mecanismos. Em primeiro lugar, cria novos canais de interação entre a indústria de transformação e o setor de serviços. Sempre que uma empresa passa a adquirir no mercado algum tipo de insumo que antes era produzido internamente, ela gera novas atividades não apenas para o fornecedor daquele insumo, mas também para os prestadores de serviços. Além disso, as pressões competitivas na indústria de bens intermediários elevam, através de efeitos de encadeamento, os níveis de eficiência dos demais segmentos da estrutura industrial.

 

O Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes) procurou avaliar os níveis de competitividade internacional vigentes na indústria brasileira a partir das evidências disponíveis na base de dados OCDE/OMC. No período coberto pela base de dados, cerca de 50% da pauta de exportações do país foram compostos por produtos básicos e semimanufaturados, mais de 80% da produção industrial foram destinados ao mercado doméstico, e as indústrias de montagem representaram, em média, apenas 25% da produção industrial.

 

Todavia, uma comparação com os demais países incluídos na base de dados revela que, no Brasil, os níveis de fragmentação são ainda menores do que seria esperável. Este fenômeno é devido a três razões principais, das quais duas são antigas e a outra é mais recente. As razões antigas são a precariedade da infraestrutura de transportes do país e as tarifas aplicadas sobre as importações de bens intermediários e equipamentos, que – de longa data – são as mais altas do mundo. A razão nova decorre da política industrial iniciada no segundo governo Lula, e aprimorada pela presidente Dilma Rousseff, que retornou aos instrumentos da época da substituição de importações, baseados em conteúdo local, ações antidumping, similar nacional e processo produtivo básico.

 

Apesar destas anomalias, os atuais níveis de competitividade internacional de alguns ramos industriais são elevados, e não resultam apenas da exploração de vantagens comparativas naturais, mas também de investimentos em inovação tecnológica, ampliação de capacidade e diferenciação de produtos. Os exemplos mais conhecidos são os de aviões, alimentos e bebidas, papel e celulose, e cosméticos. Dois traços comuns destas indústrias são os de não dependerem dos instrumentos protecionistas vigentes, e terem conseguido, através de meios próprios, contornar as demais barreiras, conforme ilustra o caso de aviões.

 

As perspectivas da economia brasileira são ambíguas. Por um lado, alguns setores que operam na fronteira tecnológica conseguiram preservar seus padrões de eficiência através de expedientes particulares, como regimes especiais de importações, sistemas logísticos apoiados em terminais portuários privativos e benefícios fiscais. Por outro lado, a proteção supérflua concedida aos oligopólios que operam nas indústrias de bens intermediários e o retorno às políticas de reserva de mercado prejudicam a competitividade internacional de inúmeros segmentos da indústria de transformação. Este contraste, que provavelmente será duradouro, impõe ao país o ônus desnecessário do baixo crescimento.



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