Comunidade Indígena luta contra o monopólio e o agronegócio
(Foto: Instituto Kaingáng/Divulgação)
Indígenas Kaingang da Serrinha no RS são torturados e expulsos de suas aldeias
Estamos vivenciando mais um caso de tortura, assassinatos e expulsão de indígenas de suas terras do povo Kaingang no RS, em nome de cooperativas de fachada- “parcerias agrícolas”, mas que são apropriação criminosa das terras indígenas para arrendamento ilegal.
No RS tivemos recentemente o caso de arrendamento de áreas da Terra Indígena Nonoai, envolvendo o cacique, seu filho, o ex-prefeito do município de Gramado dos Loureiros, Erpone Nascimento, e o indígena José Carlos Gabriel, ex-servidor da Funai, caso que foi parar na 1ª Vara Federal de Carazinho. Segundo o Ministério Público Federal, essa prática é proibida e na verdade tem sido subterfúgio para expulsar das terras os/as indígenas que se recusam a tal prática.
Os povos originários enfrentam a expulsão de suas terras desde a invasão dos europeus no Brasil. O genocídio e etnocídio de nossos indígenas precisam ser estancados e o Estado tem conhecimento dessa prática criminosa.Os indígenas Xokleng da TI Ibirama no vale de Itajaí em Santa Catarina comprovam o processo criminoso de colonização no Brasil e a luta dos sobreviventes pela demarcação de suas terras no processo que tem sido protelado (conhecido como Marco Temporal, PL 490) por pressão dos atuais ruralistas referendando a política dos antigos “bugreiros” que se apropriaram de suas terras em nome da construção da barragem Norte (iniciada durante ditadura militar), além da destruição dos recursos naturais.
A postergação do julgamento do caso Xokleng tem incentivado as ações dos grileiros, agravando o futuro dos povos indígenas e do meio ambiente, pois temos cerca de 300 terras indígenas em longo processo inconcluso de demarcação de suas terras, favorecendo o avanço dos latifundiários, do garimpo ilegal e destrutivo como nas terras Yanomami, devastando o equivalente a 500 campos de futebol na floresta amazônica e o massacre em Roraima conhecido como massacre de Haximu em 1993.
O Agro é morte com erosão e contaminação dos solos, do ar e das águas, queimadas devastadoras, retiradas ilegais de madeiras e assassinatos de indígenas.
Duas crianças indígenas Yanomami foram sugadas e “cuspidas” na correnteza do rio tomado por maquinários de um garimpo ilegal com cerca de 20 mil garimpeiros, no dia 12 de outubro no município de Alto Alegre em Roraima. As ameaças contra os Yanomamis foram intensificadas quando eles interceptaram uma carga de cerca de mil litros de combustível para abastecimento das aeronaves do garimpo criminoso da região (Martha Raquel, jornalistas Livres 14/10/2021).
Quantos ataques brutais como mais esse na aldeia Serrinha no RS vamos se coniventes ao nos calarmos diante das denúncias que tomamos conhecimento?
Todo apoio a Vãngri Kaingang e aos indígenas que não se submeteram às ordens de um “cacique miliciano”.
Que o caso seja devidamente apurado e os culpados julgados e punidos devidamente e as famílias possam retornar à sua aldeia com proteção de suas vidas.
Que as diversas entidades indígenas e de direitos humanos tomem as devidas providencias urgentemente, pois a demora do atendimento pode significar mais mortes.
Gesa Corrêa
etniaTupinambá
Integrante da CSP Conlutas
17 outubro de 2021