Síndrome do pânico tem sintomas físicos e provoca grande sofrimento
Transtorno é uma reação desproporcional de extrema ansiedade e com boa carga de medo a uma determinada situação
Vertigem, taquicardia, falta de ar, sudorese, sensação de impotência, certeza de que a morte se aproxima, desespero:
Antes de passar pela primeira crise de pânico, a designer Débora (nome fictício), 28 anos, já sabia do estrago que a desordem pode causar no dia a dia.
A primeira crise de Débora ocorreu no ano passado. Ao tentar embarcar para uma viagem de trabalho, ele foi acometida por uma sensação desesperadora de impotência absoluta diante das manifestações físicas e emocionais que lhe invadiram. Os sintomas clássicos da síndrome foram desencadeados de repente.
— Ao entrar no avião, comecei a chorar. Sentia que ia morrer. A sensação de medo era tão grande que saí correndo. Alguns meses depois, voltei a sentir o mesmo quando estava dirigindo — conta.
O psiquiatra Fábio Leite explica que o transtorno do pânico é uma reação desproporcional de extrema ansiedade e com boa carga de medo a uma determinada situação, que pode ou não ser específica. Segundo ele, no decorrer da vida deparamos com ameaças que provocam temor, sentimento que mexe física e emocionalmente com qualquer ser humano e que é até saudável, porque acaba se revelando uma proteção.
Porém, no paciente com pânico, as reações fisiológicas e emocionais ocorrem sem motivo aparente. A pessoa fica altamente insegura porque perde o controle, tem certeza de que nada pode fazer para sair da crise.
— A sociedade não entende a doença. Muitos acham que é frescura, descontrole emocional — observa o médico. Adulto jovem é o alvo predileto Diferentes pesquisas sugerem que o funcionamento cerebral e corporal desses pacientes é diferente do de indivíduos que nunca desenvolverão a síndrome.
O psiquiatra Fábio Leite lembra que algumas drogas, como anfetaminas, corticoides, maconha, cocaína e ecstasy, assim como algumas doenças, podem desencadear episódios de pânico. Mas há também a ocorrência de crises sem qualquer fator claramente identificado, e isso a ciência ainda não conseguiu explicar.
Existe também a forte suspeita de hereditariedade. O adulto jovem, entre 30 e 40 anos, é o alvo predileto da síndrome. As mulheres são mais vulneráveis. Além das alterações cardiorrespiratórias, alguns pacientes sentem manifestações físicas menos comuns, como formigamento e contraturas musculares.
Sem os remédios, a tendência é a piora do quadro, e o prognóstico tende a ser depressão e, eventualmente, chega a provocar tentativas de suicídio. Os psiquiatras alertam que a terapia cognitivo-comportamental é essencial para que o paciente entenda o problema e se coloque diante da situação sem perder o controle. Quanto mais precoce o tratamento, maiores as chances de superação.
Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um estudo conduzido pelo psiquiatra Marco André Urbach mostrou que a tontura, sintoma comum do pânico, é pouco investigada e tratada. — Verificamos que 30% dos pacientes com transtorno têm alterações vestibulares, ou seja, no ouvido interno. Esse sintoma precisa ser avaliado, porque quando não tratado é um empecilho à recuperação dos pacientes — revela.
Saiba mais:
:: O que é
O transtorno do pânico é definido como crises recorrentes de forte ansiedade e medo. A característica principal são os ataques, geralmente imprevisíveis, de desespero ou de agonia.
:: Causas
:: Sintomas
:: Tratamentos
Brasília-DF, 28 de setembro de 2011