terça-feira, 04/10/11

Síndrome do pânico tem sintomas físicos e provoca grande sofrimento

 

sindromedopanico.jpgTranstorno é uma reação desproporcional de extrema ansiedade e com boa carga de medo a uma determinada situação

Vertigem, taquicardia, falta de ar, sudorese, sensação de impotência, certeza de que a morte se aproxima, desespero: 

 

embora mais conhecidas hoje do que eram há 20 ou 30 anos, as sensações experimentadas pelas vítimas do transtorno do pânico ainda causam um impacto devastador na vida dos atingidos.
 
Por ser uma síndrome psiquiátrica, a patologia gera preconceitos e mal-entendidos. Em geral, ninguém imagina ser vulnerável ao mal, cuja incidência, segundo especialistas, tem crescido em ritmo acelerado.

Antes de passar pela primeira crise de pânico, a designer Débora (nome fictício), 28 anos, já sabia do estrago que a desordem pode causar no dia a dia. 

 
— Acredito que só vivendo na pele o desassossego de sentir pânico para se ter uma ideia da gravidade. Não tratar é agonizar. É ver a vida perder o sentido — desabafa.

A primeira crise de Débora ocorreu no ano passado. Ao tentar embarcar para uma viagem de trabalho, ele foi acometida por uma sensação desesperadora de impotência absoluta diante das manifestações físicas e emocionais que lhe invadiram. Os sintomas clássicos da síndrome foram desencadeados de repente.
 — Ao entrar no avião, comecei a chorar. Sentia que ia morrer. A sensação de medo era tão grande que saí correndo. Alguns meses depois, voltei a sentir o mesmo quando estava dirigindo — conta.

 O psiquiatra Fábio Leite explica que o transtorno do pânico é uma reação desproporcional de extrema ansiedade e com boa carga de medo a uma determinada situação, que pode ou não ser específica. Segundo ele, no decorrer da vida deparamos com ameaças que provocam temor, sentimento que mexe física e emocionalmente com qualquer ser humano e que é até saudável, porque acaba se revelando uma proteção.

Porém, no paciente com pânico, as reações fisiológicas e emocionais ocorrem sem motivo aparente. A pessoa fica altamente insegura porque perde o controle, tem certeza de que nada pode fazer para sair da crise.

 — A sociedade não entende a doença. Muitos acham que é frescura, descontrole emocional — observa o médico. Adulto jovem é o alvo predileto Diferentes pesquisas sugerem que o funcionamento cerebral e corporal desses pacientes é diferente do de indivíduos que nunca desenvolverão a síndrome.

O psiquiatra Fábio Leite lembra que algumas drogas, como anfetaminas, corticoides, maconha, cocaína e ecstasy, assim como algumas doenças, podem desencadear episódios de pânico. Mas há também a ocorrência de crises sem qualquer fator claramente identificado, e isso a ciência ainda não conseguiu explicar.

Existe também a forte suspeita de hereditariedade. O adulto jovem, entre 30 e 40 anos, é o alvo predileto da síndrome. As mulheres são mais vulneráveis. Além das alterações cardiorrespiratórias, alguns pacientes sentem manifestações físicas menos comuns, como formigamento e contraturas musculares.

Sem os remédios, a tendência é a piora do quadro, e o prognóstico tende a ser depressão e, eventualmente, chega a provocar tentativas de suicídio. Os psiquiatras alertam que a terapia cognitivo-comportamental é essencial para que o paciente entenda o problema e se coloque diante da situação sem perder o controle. Quanto mais precoce o tratamento, maiores as chances de superação.

 Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um estudo conduzido pelo psiquiatra Marco André Urbach mostrou que a tontura, sintoma comum do pânico, é pouco investigada e tratada. — Verificamos que 30% dos pacientes com transtorno têm alterações vestibulares, ou seja, no ouvido interno. Esse sintoma precisa ser avaliado, porque quando não tratado é um empecilho à recuperação dos pacientes — revela.

Saiba mais:

:: O que é

O transtorno do pânico é definido como crises recorrentes de forte ansiedade e medo. A característica principal são os ataques, geralmente imprevisíveis, de desespero ou de agonia.

:: Causas

Ainda são desconhecidas, mas há algumas teorias que tentam explicar o que motiva o problema.
 
– Neuroanatômica
Baseada no princípio de que o ataque de pânico é uma perturbação do sistema fisiológico que regula as crises normais de medo e ansiedade.
 
– Comportamental
Baseada na suposição de que vários princípios comportamentais estão envolvidos no desenvolvimento do pânico. Para os especialistas que acreditam nessa corrente, o paciente desenvolve o medo a partir de um determinado estímulo e, sempre que exposto a ele, a recordação de medo é evocada.
 
– Psicanalítica
Afirma que as crises de pânico se originam do escape de processos mentais inconscientes e até então reprimidos. Uma vez que o equilíbrio foi ameaçado, o funcionamento mental inconsciente transforma o conteúdo da repressão numa crise de pânico.

:: Sintomas

– Palpitações
– Sudorese
– Tremores e abalos
– Sensação de falta de ar
– Sensação de asfixia
– Dor ou desconforto no tórax
– Náusea ou desconforto abdominal
– Tontura ou vertigem
– Medo de perder o controle ou de enlouquecer
– Medo de morrer – Formigamentos
– Calafrios ou calor

:: Tratamentos
A terapia cognitivo-comportamental pode e deve ser adjuvante ao tratamento medicamentoso, que consiste em:
 
– Inibidores de recaptação de serotonina: Têm função de regular a produção de neurotransmissores no sistema nervoso central, impedindo, assim, o surgimento de crises.
 
– Benzodiazepínicos: Têm função tranquilizante, atuando principalmente no início do tratamento, até que o equilíbrio do sistema nervoso seja restaurado.
 
Fonte: Portal G1
 Brasília-DF, 28 de setembro de 2011

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