Saúde: negócio ou direito da população?
O que incomoda não é o médico cubano, mas a medicina livre da máfia dos sanguessugas insaciáveis
Estamos tentando furar os bloqueios à nossa mala direta. Se der problema nesta remessa, tentaremos outra.
“O sistema médico cria incessantemente novas necessidades terapêuticas. Mas quanto maior a oferta de saúde, mais as pessoas crêem que têm problemas, necessidades, doenças. Elas exigem que o progresso supere a velhice, a dor e a morte. Isso equivale à própria negação da condição humana”.
Ivan Iltch, físico e filósofo austríaco num livro que abalou a medicina, em 1974.
Quando na primavera de 1980 fui trabalhar para uma tradicional rede de óticas do Rio de Janeiro, já em concordata, assumindo a sua house agency, deparei-me com uma situação insólita que explicaria toda essa celeuma doentia que ergueu uma muralha de indignidades contra a vitoriosa medicina cubana, para esconder a patética submissão das rotinas médicas ao bilionário complexo industrial e de serviços que torna a saúde em nosso país o paraíso de sanguessugas insaciáveis.
Agora, com o grito e de guerra e o rufar dos tambores assinalados numa cruzada sem quartel contra o modelo que transformou Cuba na maior referência em saúde das Américas, vejo que a situação é muito mais grave, devido essencialmente à MEDICALIZAÇÃO DA SAÚDE, embora os métodos de envolvimento possam ser diferentes, mais inteligentes e mais discretos, tendo como um dos sintomas de que a coisa vai mal a resistência de boa parte da classe médica aos genéricos.
Uma entrevista com um médico cubano
http://www.youtube.com/watch?v=-IzX0WoXSms
Em dezembro de 2010 fui à Cuba para documentar um vídeo o sistema de formação de atletas, que têm os melhores desempenhos da América Latina. Passei dez dias em reportagens entrevistas, mas cometi alguns erros técnicos e espero ainda ter outra oportunidade para concluir esse trabalho.
Desse material, extraí uma entrevista com Pablo Ribeiro, um dos mais de mil especialistas em medicina esportiva. Mesmo em espanhol, vale dar uma olhada no vídeo para conhecer um pouco o perfil de um médico cubano, consciente e comprometido com uma causa muito maior do que seus interesses pessoais.